domingo, 6 de fevereiro de 2011

História de Lugar Algum

Ele estava tão lindo ali parado com um jeans surrado e uma barba por fazer. Ele estava tão lindo ali, na dele, dando uma informação qualquer, em que momento meu deus eu deixei de acreditar que tudo poderia ser perfeito, e mesmo o que está desfeito tem jeito?

Em que momento vendo ele ali parado blusa jogada e desrespeitado consigo mesmo eu não me atentei? Eu não me atentei que os sinos quase explodiam na minha cabeça, e aquele chopp com os amigos tinha tudo pra ficar pra depois, porque eu o teria arrastado e feito qualquer coisa muito mordível com ele.

Porque só a presença dele com seus olhares de vento me deixavam arrepiada. E vendo ele ali parado, eu de cá me pergunto: como se pode querer tão bem a alguém? Eram apenas dois segundos em que eu poderia descer do ônibus com a cabeça mais confusa do mundo e dizer que fiz aquilo tudo por culpa das emoções, por que seria tão fácil culpar as emoções, e talvez até ele acreditasse e a gente viveria feliz para até daqui a pouco mais.

Eu peguei de volta minha esperança e coloquei-a num bolso, disse a ela que talvez numa próxima vez eu tenha uma segunda chance e aprenda desobedecer a essa coisa que faz a gente perder as chances da vida, e cantei assim “ai se eu agüento ouvir outro não quem sabe um talvez...”.

Ela entendeu dizendo que eu era uma besta-idiota-galaseca, eu calei com um suspiro e me lembrei de uma frase qualquer, parecida com “nós estamos sempre do lado de fora de um abraço”, e dei razão. Foi a frase mais folhetinesca que já vi e dei razão, Freud explica.

Os anéis de saturno explicam então o motivo de eu me perguntar por que ele deixou a barba crescer e isso me deixar 24h pensando em como essa barba me faria bem, já são quase 1h e os relógios parecem não sair do mesmo instante que o vi, mas “será que você ainda pensa em mim?” me parece ainda mais latente agora e eu vou me lembrando que a culpa toda foi de não ter descido do ônibus mesmo já estando em outra parada.

2 comentários:

Zita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Karol Gonçalves disse...

Coisa mais linda de se ler!
Tanto que o fiz 2 vezes, de sentir aperto no peito!
Amei!
Parabéns pelos parágrafos perfeitos!