quinta-feira, 19 de julho de 2012

Notas mentais

Liberdade-alvoroço-euforia! Como pode se viver tanto tempo e só acontecer coisa boa após um longo interdito? Como pode ser o gosto da chuva tão igual e a suavidade dos passos até o ponto do encontro, tudo tão o mesmo?

De novo a praça, as gotas de chuva e os casais. Sua espera no banco, minha angústia de sempre estar atrasada trazendo-me os pés. Eu penso que sim, seria bom enfeitar seus domingos. Penso que acabou o tempo do engano. É que a cidade encanta demais, traz você e sua sensibilidade pra mais perto de mim. Por causa disso há sempre expansão interna, e a cada "você" que surge, novo botão floresce.

O rapaz de xadrez é tão bonito, moço! Quase percebo todas as cores dos seus olhos e os tons de sua pele, e aquele sinal, todo lindo, poderia tatuar um igual, só pra me sentir mais próxima. Suponho que só há lucidez depois que você parte. São pequenas declarações que nem sei se diria, mais fácil suspirar, desentender tudo.

Tenho feito surgir muito dessas coisas, mas acontece que é meio em vão, meio em vão, porque passa rápido, e logo a delicadeza se esvai; então murcho. Queria ter alguém que me mantivesse sempre florida. Mas anda tudo tão difícil hoje em dia, até os palhaços estão largando seus empregos e se tornando pessoas mais sérias, as pessoas andam correndo demais, dormindo de menos, sonhando, decerto, tão pouco. Se houvesse por aí um grande amor, eu cataria.

Nenhum comentário: